Como os animais são vistos pelas diversas religiões, parte II

Segundo o dicionário Aurélio, religião é um culto prestado à divindade; doutrina ou crença religiosa; reverência e respeito. Ter uma religião normalmente ajuda as pessoas a viverem bem em sociedade, a nos tornarmos mais confiantes, nos ajuda a seguir em frente. Mas no fim, não importa a religião e sim, como ela nos ajuda a sermos pessoas melhores.

Seguindo essa linha, fiquem a vontade para concordar ou não, nos tornamos pessoas melhores. Mas isso tudo é o que normalmente as diversas religiões falam a respeito dos seres humanos, mas o que será que elas falam a respeito dos animais? Afinal, existe um céu para os animais também?Semana passada falamos aqui sobre o que o Judaísmo, o Budismo, a Umbanda e o Islamismo falam sobre os animais, mas hoje temos novas religiões que não poderiam ficar de fora do tema, vamos conferir?

Espiritismo

O Espiritismo está na terceira posição entre as 10 maiores religiões do Brasil, tendo cerca de 3.848.876 praticantes.
A doutrina é caracterizada mediante fusão de filosofia, religião e ciência, com busca pela melhor compreensão não somente do universo científico, como também do aspecto religioso.

Diferente do que muitos imaginam o Espiritismo não é uma nova religião, disputando a fé popular. Allan Kardec, nome que assina as obras espíritas, como O Livro dos Espíritos, O Evangelho Segundo o Espiritismo e O Livro dos Médiuns é um pseudônimo do professor Hipolyte Rivail, que, por volta de 1855 pesquisou a comunicação com os espíritos.
Rivail criou um instituto de pesquisas, dialogou com espíritos sábios e benevolentes, estudiosos da espiritualidade, e recolheu valiosos conceitos sobre os mais diversos ramos do conhecimento, inclusive sobre as características físico-químicas próprias da matéria em seu estado espiritual, constituindo os corpos dos Espíritos e o Universo que eles habitam.

Após  codificar toda essa gama de informações, publicou seus livros assinando-os com o pseudônimo Allan Kardec, pois o conteúdo deles é a doutrina dos Espíritos e não de sua autoria. Em seu ponto de partida, o Espiritismo é uma ciência, dedicada a estudar os Espíritos e sua relação com os homens.

“Para o Espiritismo, os animais são seres espirituais evoluindo por meio da transmigração, sem ainda possuir a consciência de si mesmo característica do homem. Um dia, quando ganharem a liberdade de escolha e uma consciência contínua, reencarnarão como homens. Como intuiu Francisco de Assis, os animais e plantas têm uma natureza que os aproxima dos homens. E numa figura poética extraordinária, os chamou de irmãos”, revela Paulo Henrique de Figueiredo, pesquisador do Espiritismo há 25 anos, autor da obra Mesmer, a ciência negada e os textos escondidos e publisher da revista Universo Espírita.

Segundo a Doutrina dos Espíritos, os animais domésticos, como cachorro, gato, cavalo, macaco, possuem uma constituição neural superior e uma inteligência relativa mais acentuada. Possuem uma longa trajetória de convívio com os humanos, estabelecendo instintos sociais compartilhados. “Há dezenas de milhares de anos, os cachorros vigiavam as comunidades humanas durante a noite e, em troca, recebiam alimentos e companhia. Além disso, os animais possuem uma alma que tem a mesma origem da alma humana. Por isso, a afeição que sentimos por eles é natural e benéfica ao relacionamento familiar”, avalia Figueiredo.

Para o Espiritismo, se os animais estão em evolução, podemos auxiliá-los em sua trajetória quando agimos com ética e responsabilidade no relacionamento que estabelecemos com eles. “Por isso, é importante ensinar as crianças a cuidar bem dos animais, dar a eles carinho e proteção. Já os adultos, precisam refletir sobre o estado de crueldade e escravidão a que estão submetendo os animais destinados ao consumo humano, como bois, porcos e galinhas.

Nas granjas, os animais são tratados como coisas sem alma, da mesma forma que os escravos eram considerados na idade média. A escravidão humana está quase extinta, um dia a humanidade terá consciência suficiente para libertar também os animais”, adverte Figueiredo.

Igreja Adventista do Sétimo Dia

A igreja Adventista do Sétimo Dia surgiu nos EUA no século XVIII com o despertar protestante para a doutrina da segunda vinda gloriosa de Jesus a este mundo (Apocalipse 1:7).
“Adventista é um termo que se refere a uma pessoa que “acredita no segundo advento (volta) literal de Cristo”. E Adventista “do Sétimo Dia” é uma referência ao dia que observamos (Êxodo 20:8-11), dedicando-o ao repouso, culto a Deus, companhia da família e contato com a natureza”, explica Leandro Quadros, consultor bíblico da Rede Novo Tempo de Comunicação.

Assim como a Bíblia, para a religião Adventista os animais são considerados companheiros do ser humano. “O livro de Gênesis relata que quando Adão e Eva foram criados, Deus também fez os animais para que juntamente com os seres humanos desfrutassem das alegrias do jardim do Éden (Gênesis 1:20-22). Ao criar os animais no quinto dia, Deus disse que aquela criação era “boa”, destaca Leandro.

Para os adventistas é importante lutar pela preservação da vida animal, levando ao pé da letra citações bíblicas, como as encontradas em Apocalipse 11:18, onde há uma séria advertência para quem maltrata os animais: “terá que prestar contas a Deus no dia do juízo final”.

“O fato de Deus ter criado os animais no quinto dia da criação e o ser humano no sexto, demonstra que o reino animal fazia parte do preparo do planeta para receber a “coroa da criação de Deus”: homem e mulher. A felicidade humana também estava no contato com a natureza animal. Além disso, estudos científicos provam que a Bíblia está com a razão. Pessoas que têm algum bichinho de estimação possuem menos possibilidades de terem algum problema de coração”, enfoca Leandro.

Baseando sua crença em textos bíblicos como Gênesis 2:7 e Gênesis 1:20, os adventistas acreditam que o ser humano se tornou alma (e não que recebeu uma alma), ou seja, tornou-se uma pessoa viva, no conceito bíblico, onde os animais vivos também são chamados de “almas”.  Sendo assim, como os homens não possuem vantagens sobre os animais, pregam que ao morrer ambos vão para o mesmo lugar, sem diferenças: todos procedem do pó e ao pó tornarão.
“Não cremos que seres humanos e animais tenham alma, mas sim que são almas. O conceito bíblico de “alma” não é o mesmo que o apresentado por Platão e pela filosofia grega. Alguns dos textos citados devem encher de alegria os leitores da revista Papo de Pet que perderam pessoas queridas e animaizinhos de estimação, pois, ambos existirão novamente em nosso Planeta renovado, afirma Leandro que finaliza: Ao orientar Noé a sair da arca, além de abençoar a raça humana o Senhor abençoou também os animais (Gênesis 8:15-17)”.

Candomblé

O Candomblé também é conhecido popularmente como Canzuá, sendo uma religião derivada do animismo africano, com culto aos orixás, voduns ou nkisis, dependendo da nação. A origem é totêmica e familiar, trata-se de uma das religiões de matriz africana com mais adeptos, em especial pelo Brasil com cerca de 167.363 seguidores, já pelo mundo somam cerca de são 2 milhões de adeptos.
O Candomblé tem matriz Africana e foi organizado aqui no Brasil com a mistura de varias etnias e várias culturas diferentes que por sua vez cultuavam deuses diferentes entre si, e que aqui foram reunidos em grandes grupos. Esse agrupamento consiste em manter suas tradições o mais fiel possível e neste sentido o sacrifício é parte importante das tradições destes povos.
Como no Candomblé não há a noção do pecado e castigo, não há motivos para crer que os deuses sejam mais ou menos evoluídos pelo fato de fazerem sacrifícios com os animais. Para os adeptos, o sacrifício não tem nada a ver com o pecado de tirar uma vida, o sacrifício tem mais a ver com comunhão e reunião da família em torno de um deus ou da comunidade.
No Candomblé, a maioria das “obrigações” são acompanhadas de “matança” de animais de várias espécies.
Esta cerimônia é uma das mais importantes dentro do preceito Africano. Para ela, são exigidos vários requisitos a quem as pratica.
Por esta razão, dentro da organização de um terreiro, há sempre uma pessoa, além do Babalorixá ou Yalorixá, especializada para isso. É o Axogun ou o “mão-de-faca”. Dele depende o êxito do sacrifício e a aceitação por parte do Orixá do animal sacrificado.
Por isso também, o Babalorixá ou Yalorixá tem o máximo cuidado ao prepará-lo para a função; e é claro, que só poderá ser Axogun uma pessoa que seja “feita”, fazendo parte do seu aprendizado essa parte tão importante.
No candomblé tudo é visto como uma troca. Você oferece ao orixá o animal a planta ou outra matéria que é indicado para ele, obedecendo a um ritual, e o sangue corresponde a energia vital – Axé – com a qual dá força para o orixá e também reverte para a pessoa ou para a casa que está oferecendo esse animal, planta ou outra matéria. E tratando-se de sangue animal, implica realizar um sacrifício, e é normalmente com esta parte que as pessoas se impressionam ou se questionam. Segundo o site O Candomblé, é muito importante saber e ter sempre em mente que os sacrifícios não são feitos indiscriminadamente e obedecem a critérios. A realização de sacrifícios sem razão ou sem necessidade, implica a recusa de aceitação por parte do orixá e essa energia desperdiçada irá ser cobrada em dobro ou em triplo a quem agiu sem critério. Está assim presente, sempre, um profundo respeito e valorização da vida que devemos sempre observar.
No conceito da religião o homem que oferece um animal ao seu Deus, está compartilhando e convidando-o para sua mesa e de sua família, sua comunidade, então esta oferta seria um modo de comunhão entre todos da comunidade e seus Deuses.
No entanto o pai Agenor Miranda Rocha, nome muito respeitado dentro da doutrina,  tinha outra visão a cerca do assunto, e em 2001 respondeu a duas perguntas que deixou bem claro sua opinião:

“O sacrifício de animais, um dos ritos mais comuns e simbólicos do candomblé, é contestado pelo senhor. Por quê?
-Acho que é uma maldade. Os orixás, que são fragmentos da natureza, precisam de sangue? Matar os animais que representam a natureza? Matar, além de tudo, com uma faca, devagarinho, com cantiga, até chegar em uma palavra para tirar a cabeça do bicho. Não dá! Sou contra a matança. Na vida, tudo evolui com o tempo. O candomblé podia ter evoluído um pouquinho, ser mais moderado. O candomblé, hoje, é um luxo.

Quanto à humanidade, que perspectivas há para ela diante das espécies em extinção, do desmatamento e da poluição ambiental?
-Desse jeito, vamos chegar ao caos. Destruindo a natureza, o homem acaba consigo mesmo. As pessoas deveriam seguir a evolução natural da Terra. Não deveriam ter tanta inveja, tanta sede de poder. Da sede do poder, nasce a inveja, que é um sentimento muito negativo. Destrói uma pessoa. Aconselho às pessoas a não terem inveja e a viver, cada um, com o que Deus lhe deu. Se eu não tenho inveja, quero que as pessoas subam e não que caiam. Cada um tem seu valor.

Catolicismo

A Igreja Católica nasceu com a presença e pregação do próprio Jesus Cristo. “A partir do anúncio da vida, morte e ressurreição de Cristo somos convocados ao amor, à solidariedade, justiça e a transformar o mundo, para que aqui já se inicie o Reino de Deus”, explica o padre Juarez Pedro de Castro, da Arquidiocese de São Paulo.
Considerada a religião com maior número de fiéis no País, 123.972.524 adeptos, cerca de 65% da população, a Igreja Católica acredita que os animais são criaturas de Deus e por isso devem ser respeitados e amados.
“A Igreja sempre considerou a proteção e o amor aos animais como algo importante. A própria Bíblia obriga o descanso semanal não só para o homem como também para os animais
destaca padre Juarez.  Embora admitam que o convívio com os animais seja benéfico aos seres humanos e simbolizem um sinal de amizade fiel, para os católicos os bichos não possuem a alma racional e inteligente, e, portanto não  têm o mesmo destino dos homens e mulheres após a morte.
Um dos Santos mais populares da Igreja Católica, São Francisco de Assis amava e respeitava todas as pessoas, ao mesmo tempo, em que protegia animais e plantas aos quais chamava, carinhosamente, de irmãos. Considerado o santo mais amigo dos animais, foi intitulado Patrono do Presépio e dos Ecologistas. Graças à sua mensagem de paz, é respeitado por várias religiões, e sua Basílica em Assis, na Itália, é a segunda mais visitada por turistas de todo o mundo, ficando atrás apenas do Vaticano.
Conhecido como protetor dos animais, São Francisco de Assis pregava que os bichos não são coisas, objetos nem serviçais, mas sim companheiros dos humanos, e devem ser respeitados, assim como toda a natureza.  “Os animais não são coisas nem objetos, são criaturas de Deus, ou seja, criados por Deus segundo o relato bíblico e por isso devem ser amados e respeitados. É bom que se diga que antes de toda essa “moda” atual de proteção aos animais, quem sempre levantou a voz para protegê-los foi a Igreja Católica, que já desde os primórdios proibia e ainda proíbe, considerando pecado, a vivissecção de animais para fins de estudo”, ressalta padre Juarez.
Apesar de já estar definido segundo a própria igreja católica que os animais não tem alma e não vão para o céu após morrerem, em 2014 uma publicação no The New York Times dizia que o Papa Francisco teria afirmado que nós reencontraremos nossos animais na eternidade. A igreja não confirmou a informação, o jornal acabou se retratando, mas o debate já havia sido reaberto. O Papa Bento XVI e o Papa João Paulo II já haviam declarado que quando os animais morrem, cumprem sua jornada na Terra encerrando seu ciclo.
Independente da sua religião, ame e respeite os animais! E claro, não esqueça que maltratar animais é crime passível de detenção!
Sabe, a gente sempre fala aqui incentivando a adoção, mas se você não se sente preparado para isso, pense um pouco mais, consulte sua família e se tiver qualquer dúvida, escreva pra gente!
Animais não são brinquedos e têm sentimentos como você!
E aí, qual a sua religião? O que ela fala sobre os animais, conta pra gente aqui nos comentários!
Espero que tenham gostado do post de hoje!
Semana que vem a gente volta com mais dicas e cuidados pra vocês, até lá! 😉
 Fontes:
  • http://colunas.revistaepocasp.globo.com/farejadorbichos/2013/02/11/
  • religioes-o-que-pensam-e-pregam-sobre-os-animais-de-estimação/
  • http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/mundo/2014/12/14/
  • interna_mundo,549014/animais-vao-para-o-ceu-fala-do-papa-francisco-reabre-discussao.shtml
  • http://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/os-animais-de-estimacao-vao-para-o-ceu/
  • http://top10mais.org/top-10-maiores-religioes-do-brasil-censo-2010/
  • https://povodearuanda.wordpress.com/2008/08/30/sou-zelador-de-santo/
  • https://ocandomble.com/2008/05/28/sacrifício/

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