Precisamos falar sobre a Síndrome de Noé
Mesmo sob o risco de ler críticas pesadas, preciso falar sobre acumuladores de animais. Mas antes de continuar, gostaria apenas de ressaltar que todo o texto foi escrito com muito carinho e respeito tanto com os animais quanto com as pessoas que vivem nessa situação. Então, vamos falar sobre a Síndrome?
O site Meus Animais deu uma definição muito simples e clara sobre os acumuladores de animais, doença também conhecia como Síndrome de Noé.
“A Síndrome de Noé é uma acumulação excessiva de animais. Ela pode ser leve ou grave. Em alguns casos, a acumulação não tem muito impacto na vida, enquanto em outros casos, o seu desempenho é gravemente afetado.
Em alguns casos, já foram registradas situações de pessoas com mais de 30 animais domésticos que vivem juntos em uma condição muito dolorosa e preocupante, não só para os animais, mas também para as pessoas que habitam o lugar.”
Por que esta Síndrome é um problema?
Quando há um acúmulo de animais, estes normalmente foram acolhidos da rua. A pessoa usa a justificativa de que eles não têm um lar e os recolhem. Só que essas adoções são exageradas. A pessoa com a Síndrome de Noé convive com o excesso de animais por toda a casa: quarto, banheiro, cozinha, quintal, não há limites! Nesses ambientes, também não é raro encontramos um animal por cima do outro, devido a falta de espaço físico.
Em alguns casos, as pessoas tendem a colocar os cães e gatos em jaulas e ali as condições de vida destes animais é verdadeiramente absurda!
Os animais têm, para essas pessoas, um importante significado emocional: elas se sentem-se mais seguras quando cercadas por eles.
Devido ao grande número, estes animais muitas vezes não recebem os cuidados necessários e ficam doentes. É muito comum que haja pulgas, carrapatos e doenças contagiosas como FIV/FELV nos gatos e Parvovirose, Parainfluenza e Hepatite nos cães.
Tanto a saúde e a segurança das pessoas e animais estão em risco devido às condições insalubres.
Não confunda um protetor com um acumulador
Muitos acumuladores se dizem protetores, mas está claro que não são. Geralmente usam argumentos como: “Adoto porque eles não podem ficar na rua” ou “Acolhi mas depois vou encontrar um lar para eles” -mas isso não acontece.
O protetor também acolhe os animais das ruas e também cuida de centenas de animais. No entanto, seu papel é diferente. Ele cuida, protege e encaminha para novos lares.
Aliás, sempre vemos abrigos lotados, são centenas de animais precisando de um lar! Você já visitou um abrigo? É de cortar o coração. Os animais normalmente têm pouco espaço. Os cães não podem sair para passear, pois não há quem cuide. Muitas vezes é difícil até a higiene. E veja, estamos falando de um ambiente controlado.
Então, a sua ajuda é muito importante aqui. Divulgue os animais dos protetores nas redes sociais. Compartilhe as feiras de adoção que eles normalmente promovem. Doe alimentos, areia e produtos de higiene.
Conheço um acumulador. E agora?
Como o tema é muito delicado, fomos conversar com a psicóloga, Maristela Poubel Araujo* que nos passou a seguinte informação:
“O acúmulo na verdade é uma das vertentes do T.O.C. (Transtorno Obsessivo Compulsivo). A pessoa que tem T.O.C. não é muito sociável e desenvolve um padrão de comportamento caracterizado pela compulsão ou acúmulo. Ela pode acumular não só animais mas também objetos, lixo, entre outros. Esse transtorno é mais comum em mulheres do que em homens.
Além disso, é uma doença psiquiátrica e não é tratável somente com a terapia. É preciso o acompanhamento de um especialista em psiquiatria e gera muito sofrimento e desgaste para a pessoa e sua família. Os sinais são muito evidentes, não somente pelo fato da pessoa ser pouco sociável, mas também pelo exagero.
É diferente olhar uma pessoa com alguns animais e uma pessoa que tem dezenas animais, inclusive convivendo com animais mortos. Sim, porque para ela é muito difícil se desfazer até do animal morto! Há também muitas fezes, sujeiras gerais, odor forte proveniente de urina e falta de higiene do local. Há uma desordem geral na casa.
A melhor forma de falar sobre o assunto é conversar primeiro com um familiar ou amigo próximo do compulsivo para mostrar que a pessoa em questão precisa de ajuda. Assim iniciar um tratamento psicológio e psiquiátrico, porque provavelmente ela não irá tomar essa decisão sozinha.”
Se você conhece alguém assim, com esses sintomas, fale com um médico psiquiatra ou psicólogo o mais rapidamente possível antes de conversar com o acululador.
Em casos extremos, você poderá entrar em contato com as autoridades locais, tais como polícia, bombeiros, saúde pública, agências de serviços de proteção ou bem-estar animal.
Nestes casos, quanto mais rápido você agir, melhor será. Não apenas você poderá salvar a vida de uma pessoa, mas também de vários animais.
Mas atenção, não passe vergonha: se você conhece alguém que tem vários peludos, mas essa pessoa tem espaço, cuida de forma saudável dos animais, tome seu rumo e não seja implicante.
Tenho muitos animais em casa. Será que sofro da Síndrome de Noé?
É óbvio que você ama seus animais. Os acumuladores também acreditam amar, quando na verdade o que eles têm é necessidade de tê-los por perto para “viver bem.”
Para saber se você é um acumulador, as perguntas que você deve se fazer é:
- Tendo a quantidade de animais que tenho, como é a qualidade de vida dos meus animais?
- Será que não estariam melhores distribuídos em outros lares?
- Eu consigo ter vida social por causa da quantidade de animais que tenho em casa?
LEMBRANDO QUE quando você tem muitos animais em casa é bem provável que tenha que conviver com eternas brigas e cheiro de urina pela casa. Isso porque os animais se unem em grupos e lutam por seu território. É muito comum com números altos de animais que todos vivam em eterna briga territorial. Isso não é bom pra você e principalmente para eles que vão precisar passar o tempo todo defendendo seu espaço. Ah, o mesmo acontece tanto para gatos quanto com cachorros.
Por outro lado, se você tem espaço, condições financeiras de cuidar (que inclui alimentação e saúde), consegue ter vida social e é feliz com seus muitos bichos, não há com que se preocupar. Seja feliz!
*Maristela Poubel Araujo atende no Rio de Janeiro sob o CRP 05/26133. Telefone: 021 99446-0199
Por hoje é só! Mas semana que vem a gente volta com mais dicas e cuidados para vocês, até lá!
cilene
Necessário falar de CED em textos sobre acumulação de animais e abrigos
Rosane Machado de Andrade
Adorei!
karina fernandes
Triste realidade, mas eh essa a verdade. Sou protetora e cheguei a um ponto de me ver acumulando animais. Cheguei a um ponto que não sabia mais aonde colocar tantos animais resgatados, sofri mto com isso. Eu quis mto salvar todos, e qdo percebi estava com a casa lotada. Eh impossível viver com higiene e qualidade em um ambiente com tantos animais. E nesse momento, eh necessario distinguir o que é compaixão e o que eh compulsão.