Celebrando o Dia Nacional do Veterinário com uma entrevista especial
No dia 09 de Setembro, nós celebramos o Dia Nacional do Médico Veterinário. Para nós aqui no Amigo Não se Compra esta é uma data muito importante, por isso, convidamos uma médica veterinária muito querida para uma entrevista especial.
A Drª Daniela Mol Valle é médica veterinária que atua em São Paulo/SP, CRMV- SP 19822 e é muito apaixonada pela profissão! Mas antes de começarmos a entrevista eu gostaria de trazer uma curiosidade:
A profissão de Medicina Veterinária é regulada no Brasil desde 1933 e o médico veterinário é visto como um dos principais profissionais na interseção entre a saúde humana, animal e ambiental, reforçando o conceito de “Saúde Única”. Esse conceito tem sido cada vez mais defendido por organizações globais como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), reforçando a ideia de que a saúde de todos os seres vivos e do planeta é interdependente.
Outra prática que tem sido muito difundida nos últimos anos é o atendimento humanizado no exercício da medicina veterinária. Neste ponto, gostaria de inserir nossa querida e super atenciosa, a Dra Daniela Mol Valle.
Há anos ela vem difundindo em seu Instagram a prática do atendimento Fear Free, Sem Medo, em tradução livre e Cat Friendly Practice, Prática de Gato Amigável, em tradução livre. Isso significa que o paciente é atendido com o mínimo de estresse possível e com muito respeito e atenção às suas necessidades.
Ao longo dos seus 19 anos de formada, a Dra Daniela nos confidencializou que sempre amou os animais e sempre gostou do ato de cuidar, então nunca houve um plano B. A paixão pela medicina veterinária sempre esteve em seu coração.
Draª, houve algum caso específico que tenha te marcado ao longo da sua trajetória?
Muitos casos me marcaram, mas eu lembro muito de um caso de um cachorro adotado que, infelizmente, desenvolveu cinomose. Os responsáveis eram mal informados sobre a vacina e era um cachorro de uma família que tinham duas crianças. A cinomose foi avançando para um estágio de alteração neurológica e o quadro desse cachorro foi se agravando. Ele era uma graça! A família toda era uma graça! Eu me apeguei demais a eles. Fiquei muito, muito triste em ter de fazer a partida dele.
Eu tive de conversar com as crianças, porque elas sempre iam às consultas. Depois de alguns dias da eutanásia feita, as crianças fizeram um cartaz e levaram para mim na clínica. Na ocasião, a mãe explicou sobre o céu dos cães e sobre o paraíso dos cachorros. Então, as crianças fizeram um desenho na cartolina sobre a passagem dele e que ele estava bem no céu dos cães. Isso me emocionou profundamente, foi muito difícil e lembro disso até hoje!
E como é lidar com a eutanásia?
Os anos passam e isso, para mim, continua sendo mais desafiador. Eu discordo de algumas pessoas que falam que o veterinário poderia se acostumar com essa situação. Eu não me acostumei com a morte, eu nasci para cuidar! Para mim, a vida é importante e é por isso que a gente tem que cuidar e dar valor para o nosso pet enquanto ele está aqui vivo e saudável e não apenas quando ele está idoso.
Em algum momento você já se arrependeu da escolha de ser veterinária?
Ah, em vários momentos! Principalmente nas crises de Burnout (estado de exaustão física, emocional e mental devido ao estresse frequentemente relacionado ao trabalho) e no meio disso, eu recebo uma mensagem assim: “Oi, tudo bem? Eu sei que você está de férias, mas é uma coisa rapidinha.” Eu acho que as pessoas perderam o limite, o bom senso e o respeito pelo profissional. Então, eu passei a ter de colocar limites para conseguir sobreviver a tudo isso, porque senão, eu não estaria aqui.
Ao longo desses quase 20 anos de atendimento, você notou alguma mudança na relação entre humanos e animais?
Eu notei no pós-pandemia. As pessoas estão mais próximas dos seus animais e vejo também que estão com outra percepção sobre como a companhia dos animais faz bem, que a presença de um animalzinho em casa é bom.
Hoje em dia, no pós-pandemia principalmente, nós temos observado o teleatendimento como ferramenta de cuidado. Como você enxerga esse movimento?
O teleatendimento pode ser um facilitador, mas é impossível ser a fonte única do atendimento. O exame físico e o toque são muito importantes na medicina veterinária. Eu faço atendimento online, mas estão mais relacionados a questões comportamentais, para emitir alguma segunda opinião sobre um caso, mas realizar atendimento unicamente online, eu não acho que funcione.
Com tantos anos atuando, me conta uma curiosidade: se você pudesse fazer uma pergunta para um animal, qual seria?
Ah, se eu pudesse fazer uma pergunta para os meus bichos eu gostaria de perguntar como eles realmente gostariam de ser tratados. Se eu faço alguma coisa além ou se eu faço pouco. São muitos animais e cada um com uma característica muito diferente uma da outra e eu sempre tive essa curiosidade. Eu tenho uma gata que é mais acanhada e eu vivo pegando ela no colo e dando uma amassada. Nessa hora, ela costuma dar um gritinho. Será que eu estou sendo muito Felícia ou será que é um charminho dela?
Gente, que atire a primeira pedra o gateiro que não dá uma amassadinha sem motivos no seu gatinho! (risos)
Como vimos, a medicina veterinária não é só conhecer muitos bichinhos e cuidar. Como em todas as profissões, há um lado difícil e para mim, o mais doído deles deve mesmo ser a eutanásia.
Mas eu também acredito que o trabalho do veterinário faz muita diferença nesse mundo! Por causa deles, nossos amigos podem ter uma qualidade de vida melhor e podemos desfrutar dessa deliciosa companhia por muito mais tempo, ainda que para mim, seja pouco.
Agradeço imensamente a Dra Daniela Mol Valle por sempre nos apoiar aqui no Amigo Não se Compra, com a revisão de diversos conteúdos e também por compartilhar seu dia de clínica conosco através do seu instagram, aprendemos muito sobre como cuidar melhor dos nossos amigos.
Com vocês, um pouquinho mais da Dra Daniela!
E antes de eu me despedir, eu gostaria de saber de vocês o mesmo que eu perguntei a Dra Daniela: se você pudesse fazer uma pergunta para o seu bichinho, o que seria?
Até a próxima!