Como eu resolvi as brigas entre meus dois gatinhos

Quem já apresentou um gato ao outro sabe o que é ver uma guerra prestes a estourar a qualquer momento. Pelos eriçados, orelhinha pra trás, rosnadas e o famoso “fuuuu” ou “cobrinha”, que é aquele som que eles fazem e que qualquer catlover conhece bem.

Esse processo de embate que pode durar dias ou semanas até eles virarem amigos é tão comum que a gente já publicou aqui no blog este post com dicas para apresentar um gato ao outro, pensando em reduzir esse estresse entre os felinos (e que acabam estressando a gente também).

Pois bem, acontece que na prática a teoria é outra, e nem sempre as regras que a gente lê na internet – mesmo em blogs especializados como o nosso – funcionam com você. Isso porque cada casa tem sua própria dinâmica, os contextos são variados e a forma como a gente aplica os truques, também.

A Wicca, minha bruxinha pretinha, e o Tofu, com essa carinha de santo que não engana ninguém. Pra chegar no estágio dessa foto, deles dividirem o espaço da nossa cama sem brigar, foram várias semanas de trabalho!

Como a coisa se desenrolou aqui em casa

Por isso, quando adotei meu mais novo gatinho, o Tofu, eu já sabia que a adaptação não seria fácil e resolvi me antecipar. Isso porque, no lar temporário onde estava, o Tofu já tocava o terror com os outros gatinhos, que tinham um medo danado dele. E aqui em casa eu já tinha a Wicca, que mesmo sendo bem esperta e meio mandona, teria que ser especialmente braba pra colocar o Tofu no seu devido lugar. Como será que a coisa ia se desenrolar quando eles se encontrassem?

Pois bem, eu já tinha a estratégia toda traçada. Coloquei em prática todas as dicas do nosso post que citei ali acima, que de fato ajudaram a evitar que eles partissem pra briga durante o processo de se conhecerem. Nos primeiros dias o Tofu ficava escondidinho embaixo do sofá, enquanto a Wicca, rainha da casa, dava um “chega pra lá” sempre que ele tentava se espalhar um pouco mais. Aos poucos ela foi dando espaço, ele foi ganhando território, e chegou no ponto em que ele já tinha dominado tudo… era só avistar a bichinha que ele partia pra cima dela. Não machucava, mas intimidava, e eu achei que não era justo ela se sentir acuada dentro da própria casa.

“Quem não tem as manhas não entra não, sem a instrução de um profissional!”

Percebi que esse meme nunca foi tão verdadeiro.😅 Então parti para um plano mais estruturado. Liguei para o Paulo César, adestrador franqueado da Cão Cidadão e um super parceiro do Amigo Não se Compra que já fez várias lives com a gente, e ele me deu as dicas que me fizeram ver o Tofu de um jeito totalmente diferente e mudaram todo o rumo dessa história.

Eu comecei falando: “Paulo, acabei de adotar um gatinho que adora comprar uma briga. Como eu faço pra ele deixar de procurar confusão?”

Aí o Paulo me fez uma série de perguntas sobre a história dele, sobre o temperamento da Wicca, sobre a rotina da casa. E ele me trouxe todas essas dicas que não tinha em lugar nenhum do mundo porque foram pensadas especialmente para o nosso caso, mas que talvez possam ser úteis na sua casa também:

1) Ele não é briguento, mas sim um hiperativo mal compreendido

Só essa dica aqui já foi matadora. De fato ele é muuuito ativo, até por ser novinho, e quando está entediado fica atacando tudo o que vê pela frente… no melhor estilo “cabeça vazia, oficina do diabo” rs. Então o truque foi fazer enriquecimento ambiental, ou seja: deixar a casa mais interessante com brinquedinhos espalhados, cordinhas, cadarços, bolinhas com e sem guizo, caixas, plantinhas pra mastigar. E sempre que possível, brincar ativamente com ele, pra gastar bem as energias. Assim, ele pratica sua rotina de caçador com os brinquedos, e não com a coleguinha de casa.

Obs: fiquei pensando quantas crianças humanas também se aplicam nesse quesito de ser um hiperativo mal compreendido!

O capim-de-gato ou trigo-de-gato é uma plantinha que eles adoram comer, e ter várias delas pela casa ajuda os dois a se distrair.

2) Enriquecimento ambiental significa, dentre outras coisas, crescer pra cima

Na mesma linha da dica anterior, o plano aqui foi enriquecer o ambiente do apartamento pra torná-lo mais interessante para os gatos. Além dos brinquedos, caixas e plantinhas comestíveis, também instalamos um playground de gatos na parede. O playground tem dupla função: além de ser divertido, ele deu à Wicca a possibilidade de se refugiar em um lugar alto sempre que quisesse sossego (pois se o Tofu tenta subir atrás dela, ela já impõe limites com um pequeno tabefe, rs).

Esse playground foi meu namorado que fez (ele curte marcenaria como hobby) mas é fácil encontrar semelhantes na internet pelos mais diversos preços. Vale muito a pena!!

Aqui em casa, eles demoraram alguns dias pra se acostumar, então colocamos sachê e catnip lá no alto pra tornar a coisa atrativa, e logo depois eles já curtiram o novo espaço.

3) Eles se comunicam por cheiros!

Quem vê de fora, iria achar que ele só queria fazer amigos e que a Wicca é que é doida. Isso porque ele ficava deitado a alguns metros dela, mas sempre dentro do campo de visão, e balançando a ponta do rabinho sutilmente. Ela ficava toda acuada quando ele fazia isso, a ponto de não se atrever a passar perto dele. Contei isso pro Paulo, e ele me explicou que essa mexidinha de rabo é uma forma de liberar um cheiro que diz “eu que mando aqui e você é minha próxima caça”. Sim, entre os gatos existe muito mais comunicação do que julga nossa vã filosofia!

Então a tarefa aqui era sempre tirá-lo dessa posição, seja distraindo com outra coisa ou seja só pegando e colocando em outro cômodo mesmo. Sem brigar, só estragar os planos dele mesmo. Assim ele começa a ver que não consegue fazer isso, e vai desanimando dessa atitude.

4) Os recursos básicos de sobrevivência precisam estar espalhados pela casa

Para os gatos, nosso aconchegante apartamento é uma grande selva. Isso implica mapear territórios, dominar espaços e garantir acesso aos recursos de sobrevivência como água, comida e a caixinha de areia (higiene é básico, né mores).

Então, o Paulo me disse pra duplicar tudo. Potinhos de água em vários pontos da casa, de ração também, e ao menos duas caixas de areia. O ideal pra dois gatos na verdade seriam 3 caixas, mas o apê é pequeno e pra ser honesta eu acabei mantendo uma só; mas comprei uma caixa daquelas que faz uma casinha coberta, pra dar bastante privacidade, e uma areia excelente que não deixa cheiro nenhum, afinal, na selva deixar seu cheiro significa deixar rastro para o inimigo, não é mesmo? Deu certo, ambos usam a caixinha sem problemas. Ele às vezes fica tentado a cercá-la na saída, mas é só a gente chamar o nome dele que ele já desiste.

Dica bônus: ataques de Felícia X carinhos calmantes

Essa aqui eu descobri por conta própria e fiquei orgulhosa de mim mesma. Percebi que sempre que eu agarrava, espremia e beijava os gatos, estilo Felícia, eles ficavam mais agitados e muitas vezes partiam pra brigar minutos depois (por que será, né? hehe). Então resolvi me segurar e fazer apenas o que chamei de carinhos calmantes, de leve, tipo aquela coçadinha que eles gostam atrás da orelha ou esfregar os dedos na cabeça deles. Impressionante que a energia deles também acalma na hora, e agitação é substituída por um soninho gostoso com cafuné. Comentei isso com o Paulo e ele me deu a dica: como a gente não se aguenta, dá pra apertar um pouco, mas depois fazer os carinhos calmantes. Funcionou!

Essa foi a primeira vez em que vimos eles dormindo assim tão juntinhos, em paz! O que um dia frio não faz…

Todas essas dicas juntas fizeram uma revolução aqui em casa. É verdade que o processo durou meses, não foi da noite pro dia, mas hoje eles se dão muito bem. Precisa ter muita paciência pra ficar sempre de olho, e intervir de novo, de novo e de novo. Ainda não são melhores amigos (e talvez nunca sejam) mas se toleram muito bem, cheiram o narizinho um do outro sem brigar e até dormem do mesmo sofá, além de ficarem em harmonia na nossa cama na hora de dormir (sim, no inverno dorme todo mundo amontoado: eu, meu namorado, e os dois gatinhos).

Agora vamos falar de você

Essas dicas funcionaram comigo, e se você tem gatinhos brigões na sua casa, pode ser que essas dicas também ajudem – ou não. O importante é você saber que 1) tem jeito de fazer os gatos se respeitarem, sem brigas e 2) se você não estiver conseguindo por conta própria, pedir a ajuda de um adestrador – mesmo que sejam sessões online, como foi o meu caso – vão fazer toda a diferença e valem cada centavo investido! No caso de cachorros, é a mesma coisa. Aqui nesse post a gente conta a história da Carol, que quase desistiu da adoção da sua cachorra Belinha, mas também conseguiu salvar a história com a ajuda de um adestrador.

Então, não tem mais aquela desculpa de “estou me desfazendo do meu gato porque ele não se deu bem com os outros bichos”. Com a ajuda de um adestrador, com carinho e paciência, é perfeitamente possível ter um lar cheio de harmonia!

E você, já teve que lidar com casos assim na sua casa? Como você resolveu? Conte aqui nos comentários pra gente enriquecer essa conversa!

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3 Comentários

  1. ana

    amei as dicas, vou colocar em prática certeza. Na minha casa temos 4 gatinhos, e o ultimo que chegou simplesmente bota o terrroooooooor.

    • Meu gato de 4 anos vive apanhando e com medo do irmao de 1 ano e meio super agressivo e ciumento, tentei de tudo, desespero me define

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