Um animal de rua me mordeu. E agora?
Quem realiza resgates animais provavelmente já foi mordido por um animal de rua. Mas também pode acontecer de um cachorro que fugiu de casa e está assustado ou mesmo se você, assim como eu, não pode ver um bichinho na rua que já para fazer um carinho. Mas o que fazer quando um animal desconhecido te morde?
Um amiga esses dias estava toda plena caminhando pela rua quando do nada surgiu um cachorro e deu-lhe uma mordida na perna! Que susto! Ela estava de calça jeans, que foi o que a salvou de um ferimento ainda maior. Passado o susto, ficou o questionamento: e agora? Vacina antirrábica é sempre na barriga? Se o cachorro estiver vacinado, eu preciso me vacinar também? Além da antirrábica, preciso de outros cuidados?
Primeiros Socorros
Bom, vamos entender primeiro alguns tipos de ferimentos, de acordo com o site preveniremcasa.com para entender os processos de primeiros socorros de cada um:
Lesão leve – não sangra e causa apenas arranhões; essas são menos preocupantes.
Perfuração – não importa que seja superficial ou profunda, neste caso a ferida começa a sangrar e fica sujeita a infecção devido às várias bactérias presentes na saliva do animal.
Esmagamento ou dilaceração – geralmente estes tipos de feridas são causadas por animais de grande porte e que possuem bastante força no maxilar; podem resultar em lesões internas e fraturas externas além de apresentarem o risco de infecções.
Em caso de lesões leves ou mesmo perfuração você deve lavar a área afetada com água e sabão por 5 minutos ou mais. Caso o sangramento não cesse, vá de imediato a um pronto atendimento, pois provavelmente será necessário uns pontinhos.
Em caso de esmagamento ou dilaceração, pressione o ferimento com uma toalha limpa e vá de imediato a um pronto atendimento.
Por que preocupar-se com a Raiva?
A raiva é uma doença infecciosa viral aguda, que atinge humanos e animais mamíferos e caracteriza-se como uma encefalite progressiva e aguda com letalidade de aproximadamente 100%. É causada pelo Vírus do gênero Lyssavirus, da família Rhabdoviridae.
A doença é transmitida ao homem pela saliva de animais infectados, principalmente por meio da mordedura, podendo ser transmitida também pela arranhadura e/ou lambedura desses animais.
O período de incubação é variável entre as espécies, desde dias até anos, com uma média de 45 dias no ser humano, podendo ser mais curto em crianças.
Nos cães e gatos, a eliminação de vírus pela saliva ocorre de 2 a 5 dias antes do aparecimento dos sinais clínicos e persiste durante toda a evolução da doença (período de transmissibilidade). A morte do animal acontece, em média, entre 5 e 7 dias após a apresentação dos sintomas.
A raiva é uma doença quase sempre fatal, então a melhor medida de prevenção é a vacinação pré ou pós exposição.
Raiva nos animais
Originalmente, a vacina tem o nome de antirrábica e é a única maneira de prevenir os animais contra o vírus. Os cães, com menos de 3 meses de vida não podem tomá-la, pois o corpo deles ainda não está preparado para recebê-la.
Algumas pessoas têm medo de dar a vacina no cachorro por receio de ele apresentar efeitos colaterais, mas elas devem ter medo mesmo é de os seus bichinhos não estarem devidamente vacinados.
Segundo o site worldanimalprotection.org.br, a vacinação antirrábica anual é obrigatória por lei. Por causa das campanhas de vacinação, o Brasil se tornou referência mundial no combate à doença – os casos diminuíram drasticamente desde a década de 90 e chegaram a zero em 2014. Mas se você consultar o site do Ministério da Saúde, vai verificar que os números caíram muito em todas as regiões do Brasil. Hoje, temos muitos cães e gatos que não estão com o sistema vacinal anti-rábico completo e isso é muito grave.
Para continuar combatendo a doença de forma ética e evitar que animais e humanos sofram por conta da raiva, é importante conscientizar todos brasileiros sobre a necessidade de vacinar seus cães e gatos.
Durante a pandemia, que se estende há quase 2 anos, notamos uma baixa de pessoas levando seus cães e gatos para vacinar, mas isso não pode acontecer! Eles podem contrair a doença e morrer ou transmitir para outros animais e pessoas e depois vão morrer. Como falei lá em cima, dificilmente um animal que contrai raiva, consegue sobreviver.
Vacina de tétano
Outro cuidado primário após ser mordido por um cão ou gato é ficar atento se o sistema vacinal inclui a vacina anti tétano. A bactéria responsável pelo tétano está presente em muitas superfícies como no solo, nas fezes dos animais e não apenas em objetos enferrujados, como sabemos de senso comum. Isso torna qualquer ferimento uma possível porta de entrada para a doença.
Assim como em humanos, os cães e gatos devem ser vacinados contra o tétano, pois a vacina proporciona proteção através da produção de anticorpos circulantes.
O tétano é uma doença tóxico-infecciosa que acomete animais domésticos e os humanos. É considerada de extrema gravidade e, na maioria das vezes, evolui para óbito.
Então o resumo da ópera é “só” vacinar com a antirrábica e tétano? NÃO! Existe uma série de vacinas que os cães e gatos precisam tomar anualmente para ficarem saudáveis e, caso te mordam ou algum estranho, não tenha graves consequências para o mordido ou arranhado.
Cuidar é sempre melhor que remediar. Faça o check-up anual do seu melhor amigo e converse com o médico veterinário sobre as vacinas que ele indica para o seu bichinho. Algumas são regionais, então se seu amigo de outro estado dá uma vacina diferente para o gatinho ou cachorro, não estranhe.
Não deixe de resgatar e cuidar dos animais de rua por medo de ser mordido e contrair uma dessas doenças, apenas tenha precaução sobre como se aproximar e realizar o resgate. Eventualmente o medo os fazem agressivos, mas amor e carinho contornam essa situação. Não desista de ajudar quem mais precisa!
Mas me conta aí nos comentários, você tamb´ém faz carinho nos bichinhos de rua, assim como eu?
Até a próxima!
Texto revisado pela médica veterinária voluntária, Drª Daniela Mol Valle CRMV- SP 19822.