Agosto: mês do cachorro louco

Você já deve ter ouvido que o mês de agosto é o mês do desgosto, mas também deve conhecer agosto como o “mês do cachorro louco”. Se nunca ouviu essa história, continua aqui!

No Brasil, muitas pessoas conhecem o agosto como o mês do cachorro louco devido à conscientização sobre a raiva, uma doença grave e fatal que afeta tanto animais quanto seres humanos.

Mas antes de entendermos a raiva, vamos entender de onde saiu esse tal mês do cachorro louco!

A fama de agosto ser o “Mês do Cachorro Louco” também traz outra curiosidade, pois o calendário internacional aponta o Dia Mundial da Luta Contra a Raiva em 28 de setembro. Alias, foi estabelecido pela Aliança Global para o Controle da Raiva (GARC) e reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas esta data não foi em vão, foi instituida assim, pois em 28 de setembro de 1895 falecia Louis Pasteur, cientista francês e criador da vacina antirrábica, daí a homenagem.

O que é a Raiva

A raiva é uma doença viral que atinge o sistema nervoso central dos mamíferos, causando encefalite aguda e, quase sempre, resultando em morte. Também é reconhecida como uma zoonose e isso significa que pode ser transmitida de animais para humanos, principalmente por meio da saliva de animais infectados através de mordidas. No Brasil, os principais transmissores do vírus da raiva são cães, gatos e morcegos.

Quando um cachorro ou gato é infectado pelo vírus da raiva, a doença se manifesta em várias fases:

Fase Prodrômica: Nos primeiros dias, o animal pode apresentar alterações de comportamento, como ansiedade, inquietação ou isolamento. Gatos, em particular, podem se tornar mais agressivos.

Fase Excitatória (Furiosa): O animal torna-se extremamente agressivo e pode morder qualquer objeto, pessoa ou outro animal. Há uma hiperatividade do sistema nervoso central, levando a ataques de pânico, hidrofobia (aversão à água) e hipersalivação.

Fase Paralítica: Nos estágios finais, o animal pode apresentar paralisia progressiva, que geralmente começa nos membros posteriores e se espalha pelo corpo, resultando em coma e morte.

Desde o início da fase prodrômica até a morte, o período pode variar entre 7 a 20 dias, dependendo do caso e da rapidez com que a doença progride no animal ou no ser humano.

Riscos da Raiva e como prevenir

A Raiva é uma doença altamente contagiosa e letal tanto para animais quanto para humanos. A transmissão ocorre principalmente através de mordidas, arranhões ou lambidas em feridas abertas por um animal infectado.

Medidas de Prevenção:

Vacinação: a vacinação é a principal e mais eficaz forma de prevenção da raiva em cães e gatos. A vacina antirrábica deve ser administrada anualmente e está disponível gratuitamente em campanhas públicas e em clínicas veterinárias particulares.

Controle de animais de rua: o resgate e controle de cães e gatos de rua ajudam a reduzir a incidência de raiva, especialmente em áreas onde a doença é endêmica. De 1980 a julho de 2012 foram registrados 1.457 casos de raiva humana no Brasil, sendo 54,1% na região nordeste, 19,2% na Norte, 16,7% na sudeste, 9,7% na Centro-oeste e 0,3% na Sul.

Evitar contato com animais selvagens: manter distância de morcegos e outros animais silvestres que possam estar infectados é essencial. Acione imediatamente a vigilância sanitária, caso encontre um morcego durante o dia ou mostrando comportamento anormal. Mas nunca, em hipótese alguma você deve ferir ou matar um morcego. Nem todos os morcegos vão transmitir alguma doença, mas todos precisam ser protegidos, combinado?!

Educação e Conscientização: transmitir a informação sobre os perigos da raiva e as formas de prevenção é fundamental para reduzir a transmissão do vírus.

O que fazer em caso de mordida

Se uma pessoa ou animal de estimação for mordido ou tiver contato suspeito com um animal possivelmente infectado, deve-se lavar imediatamente a ferida com água e sabão, procurar atendimento médico, emergências públicas estão preparados para atendê-lo, e notificar as autoridades de saúde. Animais que apresentem sintomas de raiva ou tenham sido mordidos por animais selvagens devem ser isolados e avaliados por um veterinário imediatamente.

Como tratar a doença

Infelizmente, uma vez que os sintomas da raiva se manifestam, não há cura para a doença. Em animais, o diagnóstico de raiva é quase sempre seguido por eutanásia para prevenir o sofrimento e evitar a disseminação do vírus. Em humanos, o tratamento após a exposição consiste na administração imediata da profilaxia pós-exposição (vacina antirrábica e imunoglobulina antirrábica), que é eficaz se iniciada antes do aparecimento dos sintomas.

A Raiva no Brasil

Como brasileiro, passamos raiva em muitas coisas, não é mesmo? Mas no que se refere a esta doença, um estudo publicado pelo Ministério da Saúde do Brasil em 2020 destacou que, nos últimos anos, houve uma redução significativa no número de casos de raiva em cães e gatos. Isto se deve a campanhas de vacinação em massa e esforços de controle de população de animais de rua. E aqui deixo o meu salve para os protetores e ONGs de proteção animal! No entanto, ainda são registrados casos de raiva em animais silvestres, como morcegos, que representam um risco contínuo. E novamente, fica meu reforço para que você não maltrate nenhum morceguinho por aí!

Mitos sobre a Raiva

Mito: A raiva é transmitida apenas por cães. Muitas pessoas acreditam que a raiva é transmitida exclusivamente por cães, mas isso não é verdade. Como falamos anteriormente, a raiva pode ser transmitida por qualquer mamífero, incluindo gatos, morcegos, raposas, guaxinins e gambás. Morcegos, em particular, formam um grupo significativo do vírus da raiva em muitas partes do mundo, incluindo o Brasil.

Mito: Um animal raivoso sempre parece agressivo. A raiva é frequentemente associada a comportamentos agressivos em animais, mas nem sempre é o caso. Alguns animais infectados podem se tornar excessivamente dóceis ou exibir comportamentos anormais que não incluem agressão. Existem duas formas principais de raiva: a “raiva furiosa”, que é caracterizada pela agressividade, e a “raiva paralítica” ou “silenciosa”, onde o animal pode parecer paralisado ou desorientado.

Mito: A raiva é sempre transmitida por mordidas. Embora a mordida seja a forma mais comum de transmissão da raiva, o vírus também pode ser transmitido através de arranhões, lambeduras em pele lesionada, ou até mesmo se a saliva infectada entrar em contato com as membranas mucosas (como olhos, nariz ou boca).

Mito: A raiva em humanos é sempre fatal. A raiva é quase sempre fatal uma vez que os sintomas aparecem, mas existem casos extremamente raros em que pessoas sobreviveram à infecção após o início dos sintomas. Isso foi possível através de um protocolo de tratamento intensivo conhecido como “Protocolo de Milwaukee”, que induz o coma do paciente para dar ao corpo uma chance de combater o vírus. No entanto, esse tratamento tem um sucesso limitado e a prevenção através da vacinação pós-exposição é a abordagem mais eficaz.

Mito: Animais vacinados contra raiva não podem transmitir o vírus. Mesmo que um animal esteja vacinado contra a raiva, não significa que ele seja incapaz de transmitir o vírus, especialmente se o animal foi exposto ao vírus da raiva após a vacinação. É crucial manter as vacinas do seu melhor amigo atualizadas e observar quaisquer sinais de comportamento anormal.

Eu não quero causar pânico em você! A Raiva é sim uma doença grave, mas que pode ser prevenida com vacinas anuais. Por isso, neste mês de agosto, use a conscientização sobre a raiva para proteger seus amigos e sua comunidade.

Até a próxima!

Fontes:

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